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Perspectivas

Fechar escolas e serviços não essenciais para deter a propagação das novas variantes do coronavírus!

Publicado originalmente em 30 de janeiro de 2021

Mais de 3.000 pessoas morreram diariamente nos Estados Unidos devido ao novo coronavírus este mês, com um total de 93.000 vidas humanas perdidas. Internacionalmente, foram 386.000 mortes em janeiro, uma média diária de 12.800 mortes.

Essas mortes em massa provavelmente aumentarão nos próximos dias e semanas. Na sexta-feira, a Johnson & Johnson publicou um estudo confirmando o que muitos temiam: com a pandemia de coronavírus ainda fora de controle, as mutações do vírus SARS-CoV-2 que causam a doença COVID-19 têm o potencial de minar a eficácia das vacinas.

Uma pessoa é levada em uma maca para o United Memorial Medical Center em Houston, no Texas, após ser testada para a COVID-19 [Crédito: AP Photo/David J. Phillip].

Os cientistas têm alertado há meses que quanto mais o coronavírus se espalha, mais mutações ele realiza. E quanto mais mutações, maior a possibilidade de se tornar menos eficaz às vacinas e, portanto, mais perigoso. A nova cepa da África do Sul confirma esse alerta: a vacina de dose única da Johnson & Johnson foi apenas 57% eficaz na prevenção de casos moderados e graves da doença na África do Sul, em comparação com os 72% de eficácia nos Estados Unidos.

Dados semelhantes foram apresentados na quinta-feira pela Novavax, que informou que sua vacina apresentou uma eficácia de 90% no Reino Unido e de apenas 49% na África do Sul.

Os resultados tornam ainda mais urgentes medidas de maior alcance para conter a pandemia. As campanhas de vacinação em massa devem ser acompanhadas de medidas não-farmacêuticas, incluindo o fechamento total de escolas e de serviços não essenciais.

No entanto, em todo o mundo, está acontecendo exatamente o contrário. Na terça-feira, a Califórnia permitiu o atendimento presencial em restaurantes e a reabertura de academias. Nova York planeja reabrir restaurantes até meados de fevereiro. No Brasil, restaurantes, bares, academias, salões de beleza e cinemas estão abertos há meses. As máscaras não são mais obrigatórias em supermercados e shopping centers em Sydney, na Austrália.

A ponta de lança da campanha para reabrir os negócios e levar os trabalhadores de volta aos locais de trabalho é a exigência de reabrir escolas, defendida pelo novo governo Biden nos EUA.

Os planos de reabertura estão mais avançados em Chicago, sob a responsabilidade da prefeita democrata Lori Lightfoot. A cidade está tentando abrir totalmente as escolas em 1º de fevereiro, colocando os educadores do sistema de Escolas Públicas de Chicago diretamente contra o aparato do Estado, a mídia corporativa e os sindicatos. A luta de professores e funcionários para se oporem à retomada da educação presencial tornou-se um ponto focal da luta contra reaberturas inseguras em todo o país e internacionalmente.

A situação em Chicago está se repetindo em todo o país. No Alabama, as Escolas Públicas de Montgomery anunciaram que não passarão para o ensino totalmente virtual na próxima semana, o que o governo local se comprometeu a fazer após a morte de quatro professores por COVID-19. Os funcionários da Escola Pública de Beverly, em Toronto, deixaram o trabalho em 25 de janeiro, recusando-se a trabalhar em condições inseguras.

Na Alemanha, onde houve 20.000 mortes desde o início do ano, as escolas estão previstas para reabrir em 1º de fevereiro. No Reino Unido, onde as mortes ultrapassaram 100.000, o governo Boris Johnson planeja reabrir as escolas até 8 de março.

Essas campanhas de reabertura de escolas foram facilitadas por uma enorme pressão da mídia. Todos os meios de comunicação divulgaram um estudo de cientistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), que afirma: “Há poucas evidências de que as escolas tenham contribuído de forma significativa para o aumento da transmissão comunitária”.

Alguns exemplos de manchetes incluem: “Educação presencial pode ser segura”, do USA Today; “CDC defende a reabertura de escolas”, do NPR; “CDC encontra pequena disseminação do coronavírus nas escolas”, do Washington Post; e “Autoridades do CDC dizem que evidências indicam que as escolas podem reabrir se forem tomadas precauções”, do New York Times.

Assim como sob o governo Trump, as alegações de que as escolas estão seguras para reabrir são mentiras descaradas. Numerosos estudos publicados tanto no JAMA como em outros periódicos mostram que o fechamento de escolas em março e abril do ano passado salvou dezenas de milhares de vidas. Um estudo revisado por pares publicado na Science em dezembro mostrou que, em 41 países, o fechamento de escolas e universidades estava entre as medidas necessárias para reduzir o número de infecções em uma comunidade, e que o fechamento de escolas teve o maior impacto na mitigação da pandemia.

Na terça-feira, essa grande quantidade de informações obrigou o Chefe de Gabinete da Casa Branca, Ron Klain, a recuar um pouco na posição do governo, observando que muitas escolas não têm “os investimentos necessários para manter os alunos seguros” e, portanto, não podem reabrir no prazo previsto. A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, admitiu na quinta-feira que o estudo do CDC foi baseado em dados de uma área “mais rural no Wisconsin”, e que “para as áreas mais populosas ... será necessário dar muitos passos para que a reabertura das escolas seja segura”.

A realidade é que a reabertura de escolas durante uma pandemia em curso não é segura. Mesmo com menos de 40% das escolas tendo reaberto totalmente, já houve 511.000 casos relatados em escolas de ensino fundamental e médio e centenas de mortes. Em algumas regiões do país, o número diário de casos aumentou dez vezes depois que escolas e universidades reabriram no outono do ano passado.

Apesar dos perigos tão claros e presentes, Biden continua a defender a reabertura de escolas. Ele tem rejeitado abertamente os lockdowns e tem afirmado que “não há nada que possamos fazer” para deter a morte em massa que se aproxima. Seu plano contra a pandemia menciona a reabertura de escolas 130 vezes, o que está de acordo com seu decreto de 21 de janeiro, intitulado “Ordem Executiva de Apoio à Reabertura e Operação Continuada de Escolas e Prestadores de Educação Infantil”.

Isso está preparando os Estados Unidos, e o mundo junto com ele, para outro grande surto de COVID-19. O Dr. Michael Osterholm, membro do conselho consultivo sobre a COVID-19 de Biden, disse à CNN quinta-feira: “Preocupa-me que as próximas 6-14 semanas possam ser as semanas mais sombrias da pandemia”. Ele também alertou que, com as reaberturas continuando, quaisquer que sejam as quedas no número de casos, elas serão superadas como antes por surtos mais devastadores.

Não se pode permitir que isso aconteça! Há evidências de que os perigos levantados pela variante sul-africana são apenas o começo de uma série de novas variantes potencialmente resistentes à vacina. Já existem várias novas variantes do vírus, incluindo aquelas que foram detectadas pela primeira vez no Reino Unido, Brasil, Nigéria e Estados Unidos, algumas das quais já se espalharam por dezenas de países. Embora as pesquisas iniciais sobre essas variantes tenham descoberto que as vacinas são eficazes contra essas novas cepas do vírus, os dados são até agora inconclusivos.

Ao mesmo tempo, a principal característica das novas variantes é que elas são geralmente mais infecciosas, o que as torna mais fáceis de sobrecarregar os sistemas de saúde, e possivelmente mais letais, mesmo quando os hospitais não estiverem superlotados.

O fato de que já existem ou estão no horizonte variantes mais letais do vírus aumenta ainda mais a necessidade de implementar todas as medidas possíveis para conter a pandemia. Escolas, serviços e a produção não essencial devem ser fechados, com compensação total para aqueles afetados. Os trabalhadores não devem ser forçados a escolher entre sacrificar seu sustento e a vida de si mesmos e de seus entes queridos.

Lockdowns e vacinações devem ser aliados à implementação de um programa de testes em massa para detectar o vírus e um rigoroso rastreamento de contatos para identificar casos.

Os professores de Chicago estão mostrando o caminho a seguir. A força social que acabará com a pandemia não é o governo Biden, que é totalmente subserviente ao desejo de lucro de Wall Street, mas a classe trabalhadora, que está lutando para salvar vidas. A luta dos professores de Chicago e de outros lugares deve ser expandida para todos os educadores e todos os setores da classe trabalhadora em todos os países, como parte de uma luta mais ampla pela transformação revolucionária socialista da sociedade.

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