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Partido dos Trabalhadores implementa política de imunidade de rebanho enquanto Brasil ultrapassa 400 mil mortes por COVID-19

Publicado originalmente em 30 de abril de 2021

Conforme o Brasil ultrapassa a marca das 400 mil mortes pelo COVID-19, os governadores estaduais de “oposição” do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Maoísta Partido Comunista do Brasil (PCdoB) estão implementando políticas alinhadas àquelas do presidente fascistoide, Jair Bolsonaro, com a reabertura da economia e a defesa da infecção em massa.

Moradores colocam rosas em colchões simbolizando vítimas da COVID-19 durante um protesto contra a condução da pandemia de COVID-19 pelo governo. (AP Photo/Silvia Izquierdo)

Enquanto a mídia e os governos estaduais estão promovendo as taxas de ocupação das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ligeiramente menores resultantes de fechamentos parciais pelos governos estaduais, a realidade é que a taxa de casos em todo o Brasil está em níveis sem precedentes há mais de um mês. Durante o auge do surto de Manaus em janeiro, a média móvel atingiu 55.626 casos; ela atingiu 77.129 em março e ainda não diminuiu para os níveis de janeiro.

O resultado é um dos maiores índices diários de óbitos por COVID-19 do mundo, com mais de 2 mil pessoas morrendo todos os dias nos últimos 40 dias.

O número de óbitos por COVID-19 registrado em abril é o mais alto desde que a pandemia começou. O número de mortes atingiu 200 mil dez meses após o primeiro caso registrado no país. Porém, 76 dias depois, o número chegou a 300 mil e, apenas 36 dias depois, o país ultrapassou as 400 mil mortes.

Na semana passada, o Ministério da Economia anunciou que os fundos solicitados pelo Ministério da Saúde para a campanha de vacinação e para a compra de kits de intubação – que incluem sedativos e relaxantes musculares, necessários para a intubação – seriam liberados em parcelas menores, citando a "possibilidade de arrefecimento da crise aguda com o avanço da vacinação".

A declaração é na prática um bloqueio de recursos, cortando pela metade as compras de kits de intubação, de modo que a estocagem seria agora suficiente para 90 dias, enquanto a estimativa inicial era de 180. A declaração do Ministério da Economia ocorreu dois dias depois que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, adiou de maio para setembro o fim da vacinação dos grupos prioritários, que corresponde a apenas 37% da população.

Enquanto o governo e a grande mídia se concentram publicamente nos preparativos para a produção nacional e nas novas compras de vacinas, cuja maioria só estará disponível daqui a vários meses, o Ministério da Saúde revelou suas reais preocupações em ofícios enviados ao Ministério da Economia.

Os documentos declaram que a situação é grave e que há "incerteza" sobre a demanda de unidades hospitalares e suprimentos médicos, fazendo referência ao início de abril, quando as UTIs em 24 estados estavam com uso de 80% da capacidade, enquanto 11 estados apresentavam taxas acima de 95%, "índice que caracteriza situação gravíssima".

Enquanto isso, os atrasos na importação de vacinas estão comprometendo a sua distribuição. Na quarta-feira, o Estado de São Paulo concluiu que cidades em pelo menos oito estados não serão capazes de fornecer a segunda dose a tempo. Atualmente não há estudos sobre a eficácia de tomar uma única dose, o que significa que a vida de centenas de milhares de pessoas pode estar em risco. Mais de 100 mil pessoas receberão as suas segundas doses atrasadas, após o período de 28 dias do protocolo da CoronaVac. No estado do Rio Grande do Sul, 223 mil pessoas correm o risco de perder a oportunidade de tomar a segunda dose após um atraso na chegada das vacinas.

Conforme a campanha de vacinação sofre consecutivos atrasos, a política dos governos federal e estaduais de reabrir a economia em todo o país significa forçar a grande maioria da população a voltar aos seus locais de trabalho e correr o risco de ser infectada. Essa campanha assassina está sendo conduzida por todos os setores do establishment político, incluindo os autoproclamados governos de "esquerda" nos estados.

Os atrasos nas campanhas de vacinação nacional e estaduais não impediram que os estados reabrissem as suas economias. Na semana passada, o governador Flávio Dino do PCdoB anunciou a vacinação dos professores no estado do Maranhão como parte de seu esforço para promover o retorno às escolas da região, o que inevitavelmente resultará em um surto de casos de COVID-19 entre os estudantes. Em 9 de abril, durante o maior surto no país, Dino anunciou a reabertura de igrejas com limite 25% de ocupação, após uma decisão do Juiz do Supremo Tribunal Federal apontado por Bolsonaro, Nunes Marques.

Em 11 de abril, o governador Camilo Santana do PT anunciou a reabertura da economia do estado do Ceará baseado em um falso "declínio" nas mortes e hospitalizações do estado, que era na realidade uma estabilização dos números em mais de 800 mortes por semana.

A ameaça mortal representada por essa política foi mostrada em um relatório na quinta-feira, mostrando que 99,45% do território do Ceará, ou 184 das 185 cidades do estado, estão sob um "risco extremamente alto" de transmissão de COVID-19, os níveis mais altos relatados no Ceará desde janeiro.

A política assassina do governador do PT foi exposta pela explosão de uma fábrica de enchimento de cilindros de oxigênio no Ceará no dia 24, na qual seis trabalhadores foram feridos, com três levados para o hospital. Um vídeo mostrou casas próximas com janelas quebradas e pessoas feridas. White Martins, a empresa proprietária, relatou danos em 150 casas.

Embora as causas imediatas da explosão não tenham sido esclarecidas, a resposta criminosa dos políticos autoproclamados de "esquerda", alinhada com a campanha de Bolsonaro para deixar as pessoas adoecerem e morrerem para garantir os lucros das empresas, resultou num aumento da demanda por cilindros de oxigênio.

Em março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que, graças a flexibilização das regras e protocolos, algumas empresas conseguiram aumentar em 200% a produção de oxigênio e o enchimento dos cilindros. Dados publicados pela agência mostram que a venda de cilindros de oxigênio aumentou 47% em março, mesmo antes do pior período da pandemia.

A White Martins declarou durante o mesmo mês que seis estados, incluindo o Ceará, haviam "apresentado consumo de oxigênio expressivo" e anunciou que suas fábricas estavam iniciando a produção 24 horas por dia em todas as suas unidades. Isso foi antes do auge de óbitos em todo o país em abril. Um dia após a explosão, a empresa anunciou que estava transportando cilindros de oxigênio para o Ceará para atender hospitais da capital e de outras cidades.

O Partido dos Trabalhadores e o Partido Comunista estão implementando essas políticas enquanto declaram que a defesa contra os preparativos de Bolsonaro para uma ditadura no Brasil se encontra nos militares, sendo que eles próprios impuseram um regime de repressão em massa entre 1964 e 1985. A campanha de imunidade de rebanho de Bolsonaro tem sido acompanhada por repetidos apelos para que os militares sejam empregados para forçar uma reabertura da economia, o que implicaria o estabelecimento de um regime abertamente autoritário.

Durante uma visita ao estado da Bahia governado pelo PT na segunda-feira, poucos dias antes do início de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o tratamento da pandemia por parte dos governos estaduais e federal, o presidente declarou que "não podemos admitir alguns pseudo-governadores quererem impor a ditadura no meio de vocês, usando do vírus para subjugar" a população. Ele acrescentou que "Não foi o governo federal que fez vocês ficarem em casa, não foi o governo federal que fechou o comércio, que destruiu milhões de empregos".

Em meio a níveis críticos de desigualdade social, relatos generalizados de fome e a disseminação de greves e protestos de entregadores de aplicativos, petroleiros, metalúrgicos e trabalhadores dos transportes, esses partidos de "esquerda" estão concentrando todos os seus esforços para impedir que a oposição dos trabalhadores saia de seu controle.

No estado de Pernambuco, governado por uma coalizão do PSB (Partido Socialista Brasileiro)/PCdoB, professores que haviam liderado uma greve corajosa contra a reabertura de escolas em setembro, entraram novamente em luta e estão em greve há duas semanas. A resposta do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação de Pernambuco (Sintepe) controlado pelo PT é levantar a demanda, repetida em todo o país, pela "vacinação de todos os trabalhadores da educação", deixando as crianças transmitirem e morrerem pelo coronavírus após a volta das aulas presenciais.

A falsa campanha do sindicato é exposta por suas próprias ações. Em setembro, o presidente do sindicato, Fernando Melo, declarou que a revolta dos trabalhadores foi causada pela "forma como foi feito" o anúncio do retorno, e não pelas mortes pelo coronavírus. As manobras do sindicato acabaram levando à derrota da greve.

O Sintepe é filiado à Central Única dos Trabalhadores, CUT, controlada pelo PT, que participou do “1º de Maio Unificado” em que os convidados incluíram figuras da direita, como o governador de São Paulo, João Doria, e Arthur Lira, que foi eleito presidente da Câmara dos Deputados com o apoio de Bolsonaro.

Um ano após a pandemia, todos os setores do establishment político estão expostos por sua indiferença criminosa ao sofrimento generalizado e estão implementando ativamente a política de imunidade do rebanho. Ao mesmo tempo, os trabalhadores estão entrando em luta para se defenderem contra as políticas que estão levando à morte dos seus entes queridos e destruindo os seus padrões de vida.

Os trabalhadores devem formar comitês de base para lutar independentemente e em oposição a todos os partidos políticos e sindicatos, incluindo os grupos de pseudo-esquerda que utilizam uma retórica radical contra o establishment político enquanto tentam reprimir a oposição e desviá-la para a "oposição" liderada pelo PT. Eles devem exigir um bloqueio de todas as atividades não-essenciais, com a garantia de renda integral enquanto se abrigam em casa, e os trabalhadores em atividades essenciais devem ter o direito de determinar protocolos de segurança em consulta com profissionais de saúde e especialistas.

O Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI) está chamando pela criação da Aliança Operária Internacional de Comitês de Base (AOI-CB) para lutar contra as políticas das classes dirigentes capitalistas em todo o mundo. Comitês já foram formados nos EUA, Europa, Sri Lanka e Austrália. Pedimos aos trabalhadores que participem do Dia Internacional do Trabalhador Online para discutir a luta pela construção da liderança revolucionária da classe trabalhadora no Brasil e internacionalmente.

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