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Perspectivas

Imperialismo lança sua “solução final” em Gaza

Publicado originalmente em inglês em 20 de maio de 2025

Durante o fim de semana, as Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram o lançamento em grande escala da “Operação Carruagens de Gideão”, que o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu descreveu como os “movimentos conclusivos” em Gaza. A linguagem ecoa a “Solução Final” — o termo da Alemanha nazista para o extermínio sistemático dos judeus da Europa.

Palestinos deslocados fogem de Khan Younis, em Gaza, em meio à ofensiva militar israelense em andamento na área, em 19 de maio de 2025. [AP Photo/Abdel Kareem Hana]

O objetivo da operação é a conquista militar total e a ocupação da Faixa de Gaza, o deslocamento forçado da população remanescente para campos de concentração no sul e preparativos para sua expulsão de toda a Palestina.

A operação será acompanhada por uma tomada conjunta dos EUA e de Israel na distribuição de alimentos para a população aprisionada, com empresas logísticas americanas e empresas militares privadas fornecendo pequenas porções de alimentos para indivíduos pré-selecionados, identificados por meio de tecnologia de reconhecimento facial.

Nos bastidores, o governo Trump está orquestrando a maior operação de limpeza étnica apoiada pelo imperialismo desde o Holocausto. A Casa Branca está negociando com os regimes da Líbia e da Síria — cujos governos foram derrubados por insurgências islâmicas apoiadas pelos EUA — para aceitar mais de 1 milhão de palestinos deslocados à força, seja por via marítima, seja por terra.

Oitenta anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, os maiores crimes da Alemanha nazista — extermínio em massa, fome em massa deliberada e limpeza étnica — estão sendo perpetrados e normalizados pelas potências imperialistas.

Mas enquanto os arquitetos do Holocausto buscavam ocultar a magnitude de seus crimes da população alemã e do mundo, o genocídio em Gaza está se desenrolando à vista de todos. O presidente americano declarou abertamente a limpeza étnica e anexação da Palestina como um objetivo estratégico de seu governo.

Enquanto o genocídio em Gaza é liderado por Trump e Netanyahu, ele tem sido defendido e legitimado por todas as potências imperialistas e possibilitado pelos regimes árabes burgueses.

Os governos imperialistas legitimam o assassinato em massa e a limpeza étnica ao afirmar que Israel “tem o direito de se defender”. Em toda a Europa, cada governo denunciou fraudulentamente os protestos contra o genocídio como “antissemíticos”, realizando prisões em massa e perseguindo aqueles que se manifestam contra os crimes do estado israelense.

O chanceler alemão Friedrich Merz convidou o Primeiro-Ministro israelense Benjamin Netanyahu a ir à Alemanha, prometendo desafiar um mandado da Corte Penal Internacional para a prisão de Netanyahu.

A viagem de Trump à Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos expôs ao mundo inteiro a cumplicidade dos regimes árabes no genocídio em Gaza. Enquanto Trump canaliza bilhões de dólares em bombas para Israel para a destruição de Gaza, a família real do Catar presenteou Trump com um jato particular de US$ 400 milhões.

Apesar de emitir declarações protocolares condenando a fome dos palestinos, os regimes árabes são cúmplices do genocídio e do deslocamento forçado da população em Gaza.

Como relatado pelo jornalista Bob Woodward em seu livro Guerra, o rei jordaniano Abdullah II disse ao Secretário de Estado Antony Blinken em 2023: “Israel deve derrotar o Hamas. Não diremos isso publicamente, mas apoiamos a derrota do Hamas.” Woodward também escreveu que o presidente egípcio Abdel Fattah el-Sisi disse a Blinken que seu regime “só quer manter a paz com Israel”, mesmo enquanto Israel massacra os palestinos.

As instituições do “direito internacional” provaram-se completamente falidas diante do genocídio em andamento. Meio século de “planos de paz” patrocinados pelo imperialismo, inúmeros votos na Assembleia Geral da ONU e no Conselho de Segurança, decisões do Tribunal Internacional de Justiça e acusações da Corte Penal Internacional têm se mostrado completamente sem sentido.

O que está se desenrolando em Gaza, um crime de proporções monumentais, possui implicações políticas abrangentes. Ele expõe a essência do imperialismo e de todos os governos capitalistas “democráticos”. Em sua análise impecável do imperialismo, escrita em 1916, no meio da Primeira Guerra Mundial, Lenin advertiu que a distinção entre democracias burguesas e as antigas autocracias monárquicas estava sendo obliterada. Um século depois, regimes imperialistas modernos, autodenominados defensores dos direitos humanos, justificam, apoiam e até aplaudem o assassinato em massa de uma população inteira.

A normalização do genocídio é um componente inseparável da intensificação dos ataques aos direitos democráticos, do empobrecimento da classe trabalhadora e dos planos de guerra dos governos imperialistas. Em todas as capitais imperialistas, de Washington a Berlim, Londres e Tóquio, os governos estão expandindo maciçamente os gastos militares enquanto cortam os programas sociais.

Embora os líderes de todos os governos imperialistas — e seus regimes clientes do Oriente Médio — apoie o genocídio perpetrado por Israel, a esmagadora maioria da população mundial está horrorizada com esses crimes. Em cidades e vilas ao redor do globo, milhões de pessoas — incluindo incontáveis milhares de judeus — se uniram a protestos em massa contra o genocídio em Gaza. Um abismo intransponível se abriu entre a massa da população mundial, indignada pelo genocídio, e seus governos.

Dezenove meses após o início do genocídio, é necessário tirar algumas conclusões fundamentais. Em primeiro lugar, é impossível parar o genocídio em Gaza através de apelos às potências imperialistas ou às instituições do direito internacional. A única maneira de detener o massacre em Gaza é através da mobilização da classe trabalhadora. A luta contra o genocídio em Gaza depende da expansão da luta de classes e da defesa dos direitos sociais, econômicos e políticos da classe trabalhadora.

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